Comunicações se mantém estável, enquanto TI cresce. Momento aponta para transformação digital.
A IDC Brasil revelou ontem (30/1) a sua previsão para o mercado de tecnologias da informação e comunicação (TIC) para 2018. De acordo com a pesquisa, a expectativa é que o setor como um todo cresça 2,2%, com a TI puxando o resultado pra cima, com aumento de 5,8%. Telecom se mantém estável, com queda de 0,1%. É importante ressaltar que a IDC ainda não computou os números de 2017, mas a previsão para o ano passado apontava um cenário um pouco melhor, com crescimento geral de 2,5%.
Telcos brasileiras apostam em 3G e 4G para impulsionar o mercado
Segundo o country manager da IDC Brasil, Denis Arcieri, 2017 foi um ano desafiador, mas as empresas aprenderam a olhar para dentro e se reinventarem para prosseguir no mercado. “Esse é o primeiro passo para a transformação digital e agora, com um cenário econômico mais tranquilo e previsível, insistimos não só na necessidade mas também na urgência do Brasil retomar seus investimentos em tecnologia”, diz.
A pesquisa realizada pela IDC também separou os mercados que mais se destacaram, confira:
IoT cresce impulsionada por plano nacional
De acordo com Pietro Delai, gerente de Pesquisa de Infraestrutura da IDC, o Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT) deu força ao desenvolvimento da tecnologia, com prefeituras já buscando dinheiro no BNDES para financiar projetos de IoT, sendo que a aposta é em parcerias público-privadas (PPP).
Todos os 55 casos de uso no Brasil vão ter crescimento de dois dígitos, com exceção de sete que devem crescer apenas um dígito, com Saúde, Agronegócio, Cidades Inteligentes e Manufatura puxando o índice. O mercado como um todo deve ultrapassar os US$ 8 bilhões este ano.
Ainda há algumas brechas a serem resolvidas quando se fala em IoT no Brasil. Uma delas é definição de tarifação, onde Delai aponta que deve ser resolvida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ainda este primeiro semestre. “Também precisamos maturar a preocupação com segurança, que ainda não está nos patamares europeu e norte-americano”, comenta.
O IoT doméstico deve crescer 4%, impulsionado por dispositivos de câmeras de videovigilância, temperatura e ar condicionado, alcançando US$ 612 milhões. Por depender de dispositivos importados e a maioria não contar com o bom entendimento da língua portuguesa, este mercado está restrito a um nicho da classe alta. É importante ressaltar que a pesquisa separou a IoT em empresas e cidades do mercado residencial.
Telecom se rende ao software
Depois de experimentar muitas provas de conceito (PoCs), as operadoras começam a entender que o SD-WAN se torna realidade, afirma André Loureiro, gerente de Pesquisa e Consultoria de TIC da IDC. “Os CIOs entenderam os benefícios da tecnologia e já estão com grandes projetos em negociação”, completa.
Loureiro destaca que as corporações passam a perceber que o SD-WAN pode diminuir os custos com links dedicados, já que a tecnologia é capaz de separar automaticamente quais as aplicações que dependem de uma conexão com alta disponibilidade do que não precisa. “Através desse software, a empresa pode deixar um link dedicado só para a sua missão crítica e uma banda larga tradicional para a telefonia IP e conexão de usuários, economizando com na aquisição de um link de redundância”, explica.
As operadoras já entendem que o SD-WAN vai diminuir sua receita corporativa com MPLS e tem se preparado mais rápido, “para não perder o mercado como aconteceu com o VoIP no passado”. Agora, as telcos passam a fornecer o próprio serviço de SD-WAN ao cliente. “É o mesmo caminho que os fornecedores de infraestrutura estão fazendo, apostando mais no software”, explica o executivo.
Nuvem pública ganha força
A contratação de infraestrutura, plataforma e software como serviço (SaaS) em nuvem pública atingirá US$ 1,7 bilhão em 2018. A alta, segundo Delai, é devido à demanda por performance e escalabilidade e abre oportunidades para novos data centers. “A solução híbrida é a tendência no Brasil e deve continuar predominando nos próximos anos”, comenta.
Cibersegurança com maior destaque
Talvez o saldo positivo dos ataques hackers em massa de 2017 tenha sido o aumento da preocupação com a segurança da informação nas empresas. A pesquisa da IDC aponta que há uma ampliação dos orçamentos da área em 63% das médias e grandes empresas entrevistas, o que reflete em um mercado avaliado em US$ 1,2 bilhão para este ano, um crescimento de 9%.
“As empresas estão se amadurecendo e surge espaço para novos executivos de segurança, com nova visão”, diz Luciano Ramos, gerente de Pesquisa e Consultoria para Software e Serviços da IDC. Ele aponta que os serviços de Managed Security Services (MSS) se destacam, com alta de quase 15%, mas também haverá investimentos em treinamento de pessoal.