A perda de dados ou informações pode causar sérios prejuízos para as empresas. Para Marcelo Okano, professor de pós-graduação em redes da Fiap, os cuidados com as formas de armazenamento são tão importantes como escolher o servidor, o banco de dados ou a aplicação, mas são preteridos ou ignorados na hora da compra da solução.
A discussão sobre as diferenças entre “dado” e “informação” é antiga. Diversos autores definem estes dois conceitos de várias maneiras. A própria evolução área de informática fez com que a denominação “Processamento de Dados” passasse à “Tecnologia da Informação”. Mas o que importa é que a perda do dado ou da informação pode causar sérios prejuízos para as empresas.
Grande parte das vezes isto pode ocorrer devido à falta de um sistema de armazenamento eficiente ou à falta de cuidados com a segurança dos dados ou informações. Os cuidados com as formas de armazenamento dos dados são tão importantes como escolher o servidor, o banco de dados ou a aplicação, mas são preteridos ou ignorados na hora da compra da solução. Muitas vezes, as decisões sobre o armazenamento de dados limitam-se a tipo e capacidade dos discos.
É certo que a dor de cabeça do gestor é enorme quando um servidor para porque um disco quebrou. Os prejuízos para a empresa poderiam ser evitados se, no momento da compra, o responsável pelo projeto de servidores tivesse comprado dois discos ao invés de um e adotado algum tipo de armazenamento que permitisse a redundância para garantir a segurança das informações.
Neste artigo, vamos desmistificar as questões referentes a armazenamento de dados e a segurança de dados ou informações. O primeiro ponto a entender é que um sistema de armazenamento de dados é composto por discos, por uma placa para conexão com os discos e por uma forma de redundância dos dados, implementada por hardware ou software.
As tecnologias para conexão dos discos ao servidor são várias, tais como USB, SATA, SCSI e IDE. A escolha de qual tecnologia utilizar deve ser realizada conforme a capacidade de discos suportada e a taxa de transmissão de dados. A tecnologia IDE, por exemplo, é encontrada em desktops e não é recomendada para servidores, pois permite somente a ligação de quatro discos.
A escolha da quantidade de discos e capacidade total deverá ser realizada com base no tipo de redundância que se almeja, que é obtida utilizando-se tecnologia RAID (Redundant Array of Independent Disks), que combina vários discos para formar uma unidade lógica singular, oferecendo vários tipos de redundância – -que denominaremos de nível de RAID. Os mais utilizados são:
– RAID nível 0 – Conhecido como stripping: os dados são distribuídos por vários discos e não têm redundância. Utilizado para aumentar a velocidade dos discos;
– RAID nível 1 – Conhecido como espelhamento: os dados de um disco são duplicados em outro na hora da gravação;
– RAID nível 5 – Utiliza-se da paridade para manter a redundância no caso de falha de um disco. Os dados e a paridade são distribuídos em todos os discos;
– RAID nível 0 + 1 – É uma combinação dos níveis 0 e 1, onde os dados são divididos entre os discos para melhorar o rendimento, mas também utiliza outros discos para duplicar as informações.
A tecnologia RAID pode ser implementada de duas maneiras:
– Hardware – A placa controladora dos discos do servidor oferece os níveis de RAID utilizando discos comuns do servidor;
– Software – Pode ser implementado por um sistema operacional ou por outro software.
A escolha do nível de RAID deve levar em consideração o tipo de segurança dos dados e a capacidade total utilizada, lembrando que, para aumentar a segurança, podemos utilizar um disco spare, ou seja, um disco extra que não seja utilizado pelo RAID e que possa assumir as funções do disco que não funcionou no caso de falha.
As soluções de armazenamento com a utilização de RAID estão presentes na maioria dos fabricantes, com custos extremamente atraentes. Por isso, sugiro que sejam consideradas nos próximos projetos de servidores.
*Marcelo Tsuguio Okano é Mestre em Administração, professor de pós-graduação em redes da FIAP e consultor de TI para a área de servidores. Trabalha desde 2000 com projetos de virtualização para servidores Unix e Linux, participou de vários projetos de consolidação de servidores na IBM. Possui várias certificações como IBM-AIX, Linux, LPI, dentre outras.