Atores do sistema de inovação discutiram a colaboração entre empreendedores e empresas de internet – o meio mais rápido para inovar.
O crescimento dos investimentos e do número de startups no Brasil abre inúmeras possibilidades de se inovar. Apesar de ser um sistema em construção, e de origem recente, com um caminho de aprendizado por parte de empresas, empreendedores e financiadores, trabalhar em parceria com startups é uma forma de encurtar o caminho e trazer a inovação mais rápido para dentro das empresas de internet. Porém, é preciso tomar cuidados, tanto para criar uma startup, quanto para se relacionar com uma em busca de inovações. Algumas recomendações para essa parceria foram dadas pelos participantes do painel “A Internet e a Inovação – Startups, Investidores, Aceleradoras e Corporações”, que contou com a presença de cerca de 80 pessoas na Futurenet 2017, pré-evento promovido pela Associação Brasileira de Internet (Abranet) no Futurecom 2017, que começou hoje (02/10), em São Paulo.
A mesa foi mediada por Dorian Guimarães, diretor de Planejamento Estratégico e Marketing da Abranet. Participaram como debatedores Guilherme Ralisch, consultor do Sebrae-SP; Jorge de Paula Costa Ávila, diretor sênior de Desenvolvimento de Negócios da Qualcomm; José Eduardo Velloso, engenheiro de Tecnologia e Inovação da Bosch; Marcelo Sato, partner da Astella Investimentos; e Rogério Tamassia, cofundador e diretor da Liga Ventures.
Facebook abre inscrições para programa de aceleração de startups
Do ponto de vista de quem quer empreender, o Brasil tem mostrado números crescentes. Segundo Marcelo Sato, da Astella, mais de uma centena de startups no Brasil estão atuando em tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT), que movimentou cerca de US$ 1,7 bilhão no ano passado no Brasil.
Com tantas possibilidades de parceria, como é possível se relacionar com as startups? A primeira delas é criar uma. Jorge Ávila, da Qualcomm, chamou a atenção para as oportunidades. “É possível encontrar em bancos de patentes milhares de ideias que, conjugadas, podem trazer um novo produto ou solução para um problema”, apontou.
Ao mesmo tempo, observou Guilherme Ralisch, em seu programa de apoio a startups o Sebrae observa que muitos empreendedores estão propondo negócios em áreas das quais os sócios não têm conhecimento da tecnologia, são pouco inovadores, sem diferencial ou que até apresentam soluções e produtos já existentes e, portanto, com potencial muito pequeno de ampliação de mercado e até mesmo de sobrevivência.
A outra forma de se relacionar com uma startup é torná-la seu fornecedor, uma forma de fazer inovação sem ter de criar uma estrutura e equipe totalmente própria. Nesse caso, alguma adaptação será exigida de ambos. “Conversamos com uma grande empresa do setor de bebidas que não tinha com investir em startups e resolveu usá-las como fornecedores, mas não é fácil comprar de startups.”, contou José Eduardo Velloso, da Boch.
Dorian Guimarães levantou então a questão dos diferentes modos e tempos de trabalho de uma startup e uma empresa já consolidada. “Há processos de cadastramento de fornecedor que demora meses, prazos de pagamentos de mais de 90 dias, e isso pode significar a morte da startup”, ponderou. Rogério Tamassia, da Liga Ventures, disse que se trata de um grande processo de aprendizado. “As grandes empresas já estão mais avançadas, trilhando seu caminho para trabalhar com esses empreendedores”, apontou. Prazos diferenciados de entrega e pagamento, em sistemas chamados fast track, são algumas alternativas.