Pesquisas

Pesquisa mostra que engenheiros ainda não embarcaram na transformação digital

A Pesquisa Nacional Sobre a Digitalização das Engenharias no Brasil ouviu mais de 5 mil profissionais de engenharia de todo o país e mapeou a maturidade digital no âmbito da indústria da construção civil. Os resultados revelaram que apenas 25,5% conhecem aplicações concretas de tecnologias 4.0 (impressão 3D, RA/RV, IoT, Gestão Eletrônica de Documentos, IA); a predominância ainda é de uso de tecnologias 2.0 (62,4%), consideradas de pouca digitalização; e 37,9% conhecem aplicações concretas de tecnologias 3.0. O levantamento é uma iniciativa do BIM Fórum Brasil em parceria com o sistema CONFEA/CREA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) e com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
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É a primeira pesquisa sobre a digitalização no âmbito da construção realizada nacionalmente, com profissionais de todos os 27 estados do país. O levantamento mostrou que 67,5% utilizam ferramentas e métodos de planejamento para organizar seu trabalho, sendo que, dentre as que são utilizadas a maioria esmagadora são tradicionais. “São ferramentas importantes, mas quando a gente pensa no avanço da indústria 4.0 e no avanço do BIM, é preciso dar passos mais além, atualizar essas ferramentas e ampliar para que sejam mais efetivas. Aqui a gente tem um gap a ser ultrapassado”, disse o presidente do Fórum BIM Brasil, Rodrigo Broering Koerich.

Segundo ele, a adoção do BIM é desafiadora porque “o mercado ainda olha, em sua maioria (62,4%), para as tecnologias 2.0 (CAD), e esse gap a gente precisa vencer”, reiterou. A utilização de tecnologias 3.0, mais próximas do BIM também é “ainda modesta (37,9%), e será necessário amplificar esse uso, considerando o BIM como o primeiro passo para a adoção da transformação digital, porque a tecnologia existe e não está sendo aplicada no setor da construção civil”, afirmou Rodrigo.

Dentre as tecnologias utilizadas, a pesquisa mostrou que 76,7% dos entrevistados utilizam ferramentas digitais genéricas com frequência e poucos usam ferramentas digitais especificas para a construção civil. Na hora de trocar informações, as soluções escolhidas ainda são de formato físico e com trocas digitais via e-mail ou repositórios comuns como drives e whatsapp. “Repositórios comuns ainda não é o que se espera como BIM, é preciso utilizar plataformas de colaboração. A base do BIM é o compartilhamento de informações”, ressaltou.

Em contrapartida, o levantamento mostrou que 95% dos entrevistados disseram que querem se atualizar e estão dispostos a buscar informações relacionadas à transformação digital. “A pesquisa traz dados fundamentais e essenciais, na qual o setor identifica a necessidade de inovar e melhorar a sua eficiência e a sua produtividade principalmente por meio do BIM”, afirmou Cynthia Mattos, gerente da Unidade de Projetos Especiais da ABDI.

Cynthia ressaltou que foi possível identificar, na pesquisa, informações importantes “que nos permitem oportunizar ações e projetos dentro da Agência e identificar oportunidades de novas ações e iniciativas de trabalho conjuntos com o sistema CONFEA e o BIM Fórum Brasil”, disse.

A pesquisa traz informações que possibilitam otimizar a política pública do programa Construa Brasil. “Para nós do governo, a pesquisa tem importância fundamental”, destacou Adriana Arruda Pessoa, do Ministério da Economia. Segundo ela, as pesquisas sobre o setor ajudam na formulação de políticas públicas para a disseminação do BIM no Brasil. Ela lembrou que em 2017/2018, o Ministério encomendou um estudo, da FGV com a ABDI, sobre o BIM e revelou que “a adoção do BIM ainda era muito pequena no Brasil, só 5% das empresas adotavam a metodologia e havia muita falta de conhecimento” disse.

O que é BIM?

A metodologia Building Information Modelling (BIM), grosso modo, é a representação digital de um ativo construído capaz de agregar informações inteligentes aos seus elementos, simulando a construção antes de iniciar os trabalhos no canteiro de obra. O uso da tecnologia aumenta a confiabilidade nas estimativas de preços e no cumprimento dos prazos, reduzindo erros e garantindo qualidade na obra. A outra vantagem é que pode ser utilizado em todo o ciclo de vida da edificação, desde a concepção até a demolição e reuso.

Desde janeiro de 2021, obras e serviços de engenharia contratados pela Administração Pública Federal devem ser executados em BIM. De acordo com o decreto 10.306/2020, a exigência acontece em três fases, sendo a primeira etapa, iniciada em 2021, é dedicada somente a projetos. A partir de 2024, projetos e obras passam a ser feitos somente em BIM. E, a partir de 2028, todas as fases da edificação (projetos, obras e pós-obras) passam a ser incluídas.

Alinhada à Estratégia Nacional de Disseminação do BIM e com o objetivo de promover ganhos de produtividade e elevar a competitividade do setor da construção no país, a ABDI lançou, em 2018, em parceria com o então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Plataforma BIMBR, que, além de possuir conteúdo dinâmico sobre BIM, hospeda a Biblioteca Nacional BIM (BNBIM), que é um repositório das bibliotecas de objetos BIM no Brasil.

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