As faltas de atualizações colocam a empresa em risco, tanto de ter os equipamentos danificados quanto de sofrer com a subtração de informações.
Os números impressionam: de acordo com a consultoria IDC, 54% dos softwares utilizados no Brasil são piratas. Esse número vem caindo ano a ano, mas se compararmos com o cenário de países como Estados Unidos e Japão – cujo total não chega à 20% – os números da pirataria no Brasil ainda são assustadores.
Antes de falar dos problemas causados pelo software pirata, precisamos entender por que no Brasil o mercado pirata ainda prevalece sobre o de software original. Aqui, o produto original, ainda é um dos mais caros do mundo – se pegarmos como referência um dos sistemas operacionais mais utilizados, a diferença entre o preço brasileiro e o americano é de mais de US$ 100,00; some-se a isso a questão cultural, o “jeitinho brasileiro” e a impunidade. O resultado: pirataria.
A questão é contraditória, pois a principal razão do software original custar tanto em nosso país, está intimamente ligada à pirataria, ou seja, é pirata porque é caro ou é caro porque tem pirataria?
Para quebrar esse ciclo, os grandes fabricantes vêm lançando alternativas de menor custo, integrando softwares com computadores novos e até mesmo lançando versões mais simples que são praticamente gratuitas, além de aumentar cada vez mais os benefícios para quem utiliza software original: há fabricantes de sistema operacional, que dão o antivírus para seus clientes sem qualquer custo adicional. Colocando isso no papel, significa uma economia de mais R$ 100,00 por licença, já que não será necessário comprar o antivírus; em outro exemplo, o fabricante deixa em seu site treinamentos gratuitos de como aumentar a produtividade com o uso de sua ferramenta, para os clientes que comprarem seu aplicativo de produtividade.
O software pirata traz inúmeras desvantagens para aqueles que o utilizam. As faltas de atualizações acabam colocando a empresa em risco, tanto de ter os equipamentos danificados quanto de sofrer com subtração de informações com suas redes sendo invadidas.
Software pirata também ocasiona um aumento indireto nos custos da empresa, pois os equipamentos passam a precisar de manutenções com maior frequência, o que também implica na diminuição de produtividade dos colaboradores. Imaginemos que um computador de uma rede corporativa tenha problema com vírus e seja necessária a formatação. Na melhor das hipóteses esse computador só estará disponível no dia seguinte, isto significa que, se a empresa não possuir equipamento reserva (e a maioria não tem), o funcionário ficará sem o equipamento. E isso pode implicar em diversos outros problemas, como a impossibilidade de fazer uma conciliação bancária, de atualizar dados no aplicativo de negócios, de registrar pedidos de venda etc.
A dificuldade em mensurar esses custos e transtornos e transformá-los em número, faz com que os empresários não contabilizem isso quando estão pensando sobre a aquisição de um novo computador: “optar pelo software original ao pirata”. A comparação é sempre R$ 500,00 do original contra R$ 5,00 do pirata. Qual o custo recorrente com a manutenção do computador? E o tempo para conseguir na internet a versão pirata ou a ferramenta de “ativação”, que inclusive muitas vezes vem com vírus e trojan junto? Quando custa um funcionário parado sem poder trabalhar efetivamente? E se um pedido deixar de ser lançado e o cliente fechar com o concorrente? Isso raramente é levado em conta e há empresários que dizem convictos: “não compro software original por nada”. Para esses casos, o tempo é a melhor lição.
Em nossos projetos, utilizamos apenas softwares originais e só isso já basta para diminuírem as incidências de suporte de nossos clientes e tornam o ambiente muito mais estável. Se comparar projetos que iniciamos com softwares originais com outros que já encontramos o ambiente pronto e com softwares piratas, a segunda situação é muito mais problemática e demanda muito mais esforço de nossos técnicos. Nesses casos, fazemos um trabalho de conscientização, apresentamos cases e mostramos que as vantagens são muito maiores e que a diferença entre os R$ 500 e os R$ 5 se paga sozinha. Na maioria dos casos, o cliente se convence a comprar o produto original.
Software pirata não é bom pra ninguém. Não é bom para quem usa, não é bom para o fabricante e não é bom para o país.
*Marcelo A. Rezende – Diretor Comercial da Promisys – empresa especializada em TI que oferece sistema de gestão, infraestrutura e serviços para pequenas e médias empresas.