Porém, indisponibilidade de trânsito por operadoras limita adoção.
No debate promovido pelo CGI.br sobre IPv6, na sexta-feira (25), em São Paulo, especialistas e líderes de projetos nos portais Terra e Globo.com contaram como tem sido o trabalho com o novo protocolo, que no Brasil é usado apenas por 0.04% das pessoas/empresas, enquanto nos EUA a taxa de adoção supera 70%, inclusive clientes de grandes prestadoras, como Verizon e Time Warner Cable, que estão investindo e pretendem dobrar o número de usuários do protocolo.
Um dos gargalos para o IPv6 é o trânsito, disseram especialistas e líderes de projetos nos portais Terra e Globo.com, comentando que em grandes centros como São Paulo e no Rio de Janeiro, obter esse trânsito é mais fácil que em outras cidades, em que as empresas esbarram na indisponibilidade. “O IPv6 ainda não está bem explicado ao departamento comercial das operadoras”, conclui Rodrigo Broilo, do Terra, pontuando a principal dificuldade para quem quer operar com o protocolo.
O portal começou a disponibilizar o IPv6 em 2009 e ativamente, para todos os usuários, foi em 2012, durante a Campus Party. Broilo conta que ainda tem muito a fazer, e o próximo passo é lançar o site em IPv6 em outros países da América Latina, onde a companhia também atua. “Em nosso radar estão Argentina, Colômbia, Chile, entre outros. É uma ativação simples, que podemos fazer em um dia”, adiciona.
Ao concordar com o NIC.br de que o IPv4 está com os dias contados, o executivo compara a taxa de adoção em operadoras dos Estados Unidos, como Verizon, Time Warner Cable, com o Brasil onde muitas das principais operadoras não disponibilizam o trânsito, mas desmente o fato de que o esgotamento do Ipv4 deixará usuários na mão. “Se esgotar, não vai alterar para o usuário de casa, haverá um mix de protocolos e os acessos serão garantidos”, acredita o gestor. Maurício Kilikrates, da Globo.com, concorda, e ressalta que a única tecnologia pronta para o IPV6 no Brasil é o LTE, que está nos primeiros passos. Por isso, não haverá uma migração imediata. Citando alguns exemplos de países asiáticos, que vivenciou a exaustão do protocolo em 2011, ele exemplificou que esses mercados começaram a usar um outro protocolo, Gnat (Carrier Grade Nat).
Para as empresas, o conselho é fazer testes, analisar o impacto da implantação na rede e trabalhar em conjunto com os fabricantes. Também é preciso levar em consideração o apoio da diretoria, pois o novo protocolo exige migrações, inclusive de novas aplicações desenvolvidas para IPv4. “Muitas vezes a adesão entra em conflito com o nível de desenvolvimento da empresa e alguém tem que refazer um sistema legado para funcionar em IPv6”, lembra.
Maurício conta que na Globo.com, quando a companhia começou a olhar para o protocolo, o primeiro teste foi na rede corporativa, e uma equipe foi treinada para entender o conceito. Em 2012, a empresa teve que desenvolver ferramentas que funcionavam em IPv4, e a integração com sistemas de usuários começou em 2013. Esse ano, a empresa precisou pausar os desenvolvimentos, por causa dos trabalhos intensos com a transmissão da Copa do Mundo.
Um ponto importante apontado pelos gestores durante o evento foi o apoio do corpo executivo, inclusive do CIO; mas um gargalo vivenciado pela Globo em 2011 e 2012 foi a inadequação de muitos equipamentos de rede que se diziam prontos para IPv6, e que no final, deixaram a desejar em qualidade. “Todos os fornecedores em algum momento falharam em 2011 e 2012. O cenário mudou esse ano, alguns dos principais fabricantes têm se preparado mais no desenvolvimento de soluções que aceitam o protocolo”, comenta Kilikrates.
O conselho dos gestores para as empresas que querem migrar para o protocolo é o teste. No caso da Globo, o executivo comentou que a empresa tem construído um data center no Rio e um dos desafios é que muitos fabricantes ainda não têm todos os equipamentos em IPv6.