Líder da Prática de Segurança da Unisys mostra algumas alternativas seguras que podem ser usadas como contingência para a indisponibilidade do serviço.
Nessa segunda-feira, o aplicativo WhatsApp teve seu bloqueio determinado por 72 horas, por decisão do juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto (SE). O mesmo que determinou a prisão do VP do Facebook no Brasil, Diego Dzodan, em março deste ano, por descumprimento de ordem judicial. O caso em questão está relacionado a investigações sobre “crime organizado e o tráfico de drogas” e corre em segredo de justiça no Juízo Criminal da Comarca de Lagarto. Após a determinação da Justiça, algumas pessoas têm utilizado VPNs (Virtual Private Networks), que funcionam como uma rede particular virtual, na prática, para burlar a decisão judicial.
Bloqueio do WhatsApp pode virar rotina com a nova CPI dos Crimes Cibernéticos
Leonardo Carissimi, Líder da Prática de Segurança da Unisys na América Latina, alerta para alguns riscos dessa atitude.
Para começar, há a possibilidade de que se baixe um aplicativo de VPN que tenha sido alterado e/ou contaminado por criminosos cibernéticos, ou mesmo que seja um aplicativo de fachada.
“A VPN é um túnel, que funciona nas duas direções: ao trafegar seus dados até o domínio da VPN, alguém na outra ponta, que você não conhece, poderá usar esta conexão para ter acesso ao seu smartphone. Seus e-mails, fotos, contatos, informações de trabalho, tudo passa a estar visível a um ciber criminoso se ele fizer um ataque via VPN”, alerta o profissional de segurança.
Além disso, outros equipamentos que estão na mesma rede do seu smartphone – como a rede WiFi de sua casa, escola ou do trabalho – estarão também sujeitos a estes atacantes que eventualmente acessem seu smartphone. Cuidado redobrado, pois você pode estar criando um problema não apenas para você, como também para sua família, amigos ou na empresa em que trabalha.
Carissini explica que a VPN funciona como uma conexão direta entre o seu smartphone e um domínio fora do Brasil. No seu smartphone você instala um aplicativo específico para isso. Os dados trafegam pelo túnel de modo criptografado, sem serem entendidos pelos roteadores das operadoras de telecomunicações do Brasil – as quais estão programadas para bloquear todo tráfego reconhecido, como WhatsApp, para atender à determinação da Justiça. No outro lado do túnel, o domínio estrangeiro decifra os dados e faz a sua ligação com a Internet, de onde os dados seguem para os servidores do WhatsApp.
Para garantir a segurança, o executivo faz algumas considerações:
– Sempre que for baixar e instalar um novo aplicativo no seu smartphone, busque fazê-lo de fontes confiáveis. Priorize desenvolvedores conhecidos. E, no caso de buscar aplicativos desconhecidos, tente se informar com amigos, redes sociais ou, em último caso, utilize os mecanismos que funcionam como “proxy” de confiança na Internet (exemplo: avaliações e comentários de outros usuários)
– Uma recomendação é avaliar com os contatos mais próximos uma rede social ou outro canal de comunicação “de contingência”, ou seja, deixar combinado com antecedência uma alternativa ao WhatsApp (o uso do Facebook Massenger, do Viber, do Line, do Telegram, etc). Instalar e configurar de modo que esteja pronto para funcionar quando ocorrer um novo bloqueio.