Banda Larga

WiMAX: Opiniões divergentes e nenhuma solução

Reunião do Conselho Diretor da Anatel realizada na semana passada terminou com pedido de Vistas ao Processo, adiando, novamente, a resolução. Defensores da tecnologia dizem que a liberação do WiMAX doméstico parece ser um fato mítico para a sociedade brasileira e apontam o quanto o País poderia ganhar com a liberação de mais esta solução de banda larga.

O baixo acesso à internet de alta capacidade é mostrado no resultado do último Barômetro Cisco da Banda Larga, indicador desenvolvido pela IDC Brasil, cujos números apontam que apenas 7% da população tem acesso a esse modelo de serviço, equivalente a 12 milhões de acessos, diante de uma demografia de 183,9 milhões de brasileiros. Segundo José Geraldo de Almeida, gerente de novos negócios da área de home & networks mobility da Motorola, há um grande mercado no Brasil, onde mais de 90% das pessoas ainda necessitam de acesso à banda larga. “O WiMAX é competitivo com o ADSL e consegue chegar a preços equivalentes. Isso é bom, porque a população teria mais opções de escolha em utilizar outras tecnologias, além do sistema convencional e, assim, conseguir suprir esse número pequeno de usuários”, diz.

Mesmo que até agora nada tenha sido resolvido, já existem investimentos das empresas de telefonia fixa e das desenvolvedoras para a tecnologia, mas só não funcionam pela falta de condições ideais, que limitam o seu uso. O sinal WiMAX consegue até ser replicado, mas não existem aparelhos no País habilitados a reconhecê-lo. Também houve em São Paulo um projeto de testes, realizado pela telefônica, que durou 6 meses e que não teve continuidade, por causa da não regulamentação. “Há um grande mercado no País e mais de 90% da população nacional necessita de banda larga. Mas, o grande empecilho para o avanço no mercado é a regulamentação da Anatel, que demora a acontecer”, diz Almeida.

Porém, o grande problema está relacionado entre as operadoras de telefonia fixa e as de celular. Enquanto que as de fixa clamam pela liberação, as móveis alegam que investiram pesado na implementação de tecnologia 3G e, por isso, não querem que o WiMAX seja liberado agora. Para Marcos de Souza Oliveira, que trabalha na Engenharia do Espectro da Anatel, isso aponta que a demora na decisão não é uma questão de tecnologia e sim um jogo político entre as empresas de deixar ou não a Banda Larga 4G doméstica entrar no Brasil. “A agência está no meio desse tiroteio e precisa tomar a decisão correta para não prejudicar nenhum dos lados”, diz.

O gerente da Motorola, por sua vez, alega entender a defesa das operadoras de telefonia celular, mas alerta que isso não pode fazer com que o Brasil fique para trás, em relação ao mercado mundial. ”De acordo com o cronograma defendido pelas empresas de telefonia móvel, a aceitação das novas frequências para o WiMAX só pode acontecer em 2013, para que essas empresas se adaptem ao novo sistema. Ou seja, o mercado estará atrasado em relação ao mundo”, alega.

Tempestade em copo d’água

No lado público, o funcionário da Anatel, Oliveira, diz existir muito alarde entre as empresas de telecom e entre os Fóruns de WiMAX, para pouco caso. Além disso, ele defende que a plataforma não é a única solução para resolução do baixo acesso à internet. “É certo que hoje existe um grande crescimento do acesso à banda larga, mas essa não é a única ferramenta existente – ela é mais uma. Também temos operações em MMDS na grande telefonia que ajuda a suprir essa procura”, diz.

De acordo com a Ata da 512ª reunião do Conselho Diretor, realizada no dia 5 de maio e publicada no site da Anatel, foi discutida a certificação e homologação de equipamentos transceptores digitais que empregam tecnologia WIMAX na Faixa de Radiofreqûência de 2500 MHz a 2690 MHz. Porém, durante a votação, o presidente da mesa pediu Vista do Processo, o que prorroga por mais uma semana a decisão.

Enquanto nada é acordado, José Geraldo de Almeida diz que a tecnologia nacional continua atrasada e em todos os segmentos. “Isso paralisa não apenas os operadores de telefonia que irão investir no Brasil, mas também a indústria tecnológica. Uso como exemplo a Intel, que desenvolveu uma linha de computadores com infraestrutura para a utilização da plataforma WiMAX, mas não lançou aqui, porque não tem nada regularizado”, exemplifica. “Tinha uma grande expectativa em relação ao comércio nacional, agora não tenho mais. Está cada vez mais difícil investir e acreditar que isso seja resolvido. É uma pena, porque o Brasil está perdendo em matéria de comércio e a população brasileira continuará tendo pouco acesso à banda larga”, diz o especialista da Motorola.

Uma esperança à população vem da Agência Nacional de Telecomunicação de que, talvez, na próxima reunião do Conselho Diretor da Anatel seja pautada a liberação do WiMAX 2,5GHz para a votação. O encontro está marcado para o dia 21 de maio. “O Brasil está clamando por banda larga, a sua penetração é muito baixa e precisa melhorar”, alerta Almeida da Motorola.

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