Em entrevista ao Portal IPNews, o analista sênior América Latina, da Yankee Group, Júlio Püschel, também disse que a negociação entre as duas empresas aconteceu de forma legal e que tudo dependerá da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Para ele, Vivendi e GVT mantinham bom relacionamento e que “a operadora sempre demonstrou maior preferência que a compra fosse pelo grupo francês”, diz.
De acordo com a análise, se a compra ocorresse pela Telefônica, com o tempo, a GVT acabaria absorvida pela companhia, que tem o objetivo de aumentar sua base fora do Estado de São Paulo. “Essa política se baseia no fato de que a Telefônica possui uma estrutura centralizada, de domínio espanhol. Por mais que a Anatel tenha divulgado as condições para a compra (quinta-feira passada), acredito que as operações da GVT iriam desaparecer em alguns anos. Além disso, a matriz não pretendia manter os dois nomes no mercado nacional. O negócio é fortalecer a marca Telefônica na região”, analisa.
No desenrolar da história, até o fim de setembro, a venda para a Vivendi apontava como certa. Foi quando a Telefônica entrou com uma oferta "ofensiva" para o mercado, com um valor por cada ação acima da primeira oferta. Em conversa com a assessoria de imprensa da Vivendi, a contraproposta da operadora espanhola abalou os negócios entre os acionistas e fez com que o acordo demorasse. Por outro lado, “nesse mesmo período, os acionistas do grupo francês autorizaram a liberação de mais verba para aumentar a proposta. Essa ação aconteceu sigilosamente”, informa Püschel. A divulgação do valor final foi de R$ 56,00 por ação.
Quanto ao preço ser considerado alto para o mercado, se comparado ao tamanho da empresa, Püschel afirma que “apesar de ser um preço bastante significativo, o investimento não foi pela quantidade de assinantes e da malha de rede implementada. Pode-se traduzir como um valor de oportunidade ao grupo francês de entrar no mercado latino. Hoje, não há outra operadora disponível para a compra na região”.
Júlio Püschel afirma que o maior beneficiado será o consumidor, tendo como mote dois pontos positivos. O primeiro é que a GVT terá mais investimentos para entrar no mercado no mercado paulista. A outra vantagem é que, com certeza, a Telefônica não deixará de investir no mercado externo de São Paulo, o que proporcionará maior concorrência entre as companhias e alternativas de escolha para o consumidor. “Vale lembrar que a Oi está investindo forte no estado e isso força a melhoraria dos seus serviços das concorrentes”.
Por outro lado, o analista acredita que, com a vitória da Vivendi na disputa mercadológica, a expansão da Telefônica, além São Paulo, será mais complicada. Segundo ele, agora, a operadora deverá gastar mais do que planejava para chegar a outras regiões, porque toda infraestrutura da GVT instalada, e que faria parte do plano de expansão, faz parte do grupo francês.
“Uma alternativa, e consideravelmente mais barata, seria a aumentar os investimentos em banda larga móvel, como o WiMAX. Além disso, a implementação de redes em FTTH, fibra óptica, demonstra bons resultados para as operadoras. É um grande problema financeiro iniciar o projeto de infraestrutura do zero”, diz.
Com a conclusão da compra, o representante da Yahkee Group imagina que a entrada da Vivendi no mercado nacional deverá ser cautelosa. "A América Latina é uma região nova para a companhia. Também acredito que a marca GVT será preservada, por se tratar de um ativo valioso. O próximo passo é aguardar a proposta para aquisição de 100% da operadora”, conclui Püschel.