Sérgio Schildt, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte e presidente da Recoma, analisa o impacto dos dois eventos no setor e na economia brasileira.
A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016 devem agregar R$ 285,2 bilhões à economia brasileira entre 2010 e 2027, segundo estudo encomendado pelo Ministério de Esporte à Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP). E uma parcela significativa deste montante deve ser investida no setor de equipamentos esportivos, na opinião de Sérgio Schildt, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Esporte (Abriesp) e presidente da Recoma, empresa que atua no segmento de infraestrutura esportiva no país.
“O número de obras realizadas pelas empresas no setor deve, no mínimo, dobrar até 2016, em função do movimento esportivo no Brasil, uma ebulição que não deve premiar não apenas as cidades-sede das duas competições, mas também outras que pretendem ter algum tipo de participação em ambas”, afirma Sérgio Schildt. “Serão beneficiados municípios vizinhos aos eventos, que, para atender a demanda, terão a necessidade de oferecer centros de treinamento, entre outros itens ligados à infraestrutura”, ressalta.
Os reflexos de toda esta mobilização causada pela realização da Copa e dos Jogos no Brasil, de acordo com Sérgio Schildt, já podem ser vistos em todas as regiões do país, com investimentos de prefeituras, estados e iniciativa privada em instalações esportivas. É o caso de Maringá. A cidade paranaense inaugurou, no ano passado, uma pista de atletismo com certificação Classe 2 pela IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo).
“A indústria do esporte vinha crescendo cerca de 10% nos últimos anos. Para 2010, a previsão é aumentar 15% em relação a 2009, mercado que deve dobrar nos próximos cinco anos. Só a Recoma tem, hoje, cerca de cem obras simultâneas em andamento e deve crescer 60% este ano. Nos dois últimos dois anos, foram duzentas e a tendência é que este número aumente progressivamente”, pondera Sérgio Schildt. Ele lembra que a maior procura é por instalações que atendam os esportes mais praticados pela população, como ginásios poliesportivos, campos de grama sintética e áreas de luta de autorrendimento.
Números*
– A Copa do Mundo agregará R$ 183,2 bilhões à economia brasileira entre 2010 e 2019. Diretamente, serão investidos R$ 47,5 milhões em infraestrutura, turismo e consumo. Indiretamente, R$ 135,7 bilhões, provenientes da recirculação de dinheiro com a realização do evento.
– A Copa criará 710 mil empregos – 330 mil permanentes e 380 mil temporários -, gerando um incremento de R$ 5 bilhões no consumo das famílias brasileiras entre 2010 e 2014.
– O impacto dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos na economia brasileira deve chegar a R$ 102 bilhões.
– O orçamento projetado inicialmente para a realização dos Jogos é de R$ 25,9 bilhões. Deste total, R$ 21 bilhões (81%) sairão dos cofres públicos.
– Os Jogos Olímpicos devem gerar aproximadamente 120 mil empregos por ano até 2016, com uma média anual de 130 mil para o período pós-Jogos, entre 2017 e 2027. Um total de cerca de 2 milhões de vagas.
– Estima-se que, para cada US$ 1 investido nos Jogos, outros U$ 3,26 adicionais serão gerados até 2027.
– Os investimentos em infraestrutura para Jogos Olímpicos e Paraolímpicos trarão um impacto econômico direto da ordem de R$ 33 bilhões. Um total de R$ 25 bilhões serão investidos pelo Governo, sendo R$ 11,6 bilhões em mobilidade urbana, R$ 5,5 bi em portos e aeroportos, R$ 3,8 bi em telecomunicação e energia e R$ 4,6 bi em saúde e segurança.
– Jogos Olímpicos e Paraolímpicos têm orçamento previsto de R$ 26 milhões, sendo R$ 21 bilhões (81%) dos governos federal, estadual e municipal e R$ 5 bilhões (19%) da iniciativa privada.
* Fonte: estudo feito pela Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP) para o Ministério do Esporte.