
Em várias oportunidades, operadoras e provedores de serviços de telecomunicações reconhecem que o foco na infraestrutura de rede, ou seja, a aposta alta na oferta de conectividade, foi um erro estratégico. Uma falha que na visão de Jim Brisimitzis, fundador e CEO do 5G Open Innovation Lab, tem tudo para ser corrigida agora, na transição das redes para o 5G.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
– Especial: O papel das redes de telecomunicações na era da hiperconectividade
– Monetização: O impacto das redes inteligentes no comportamento dos grupos sociais
– Conectividade, o primeiro passo para a agricultura 4.0
A falha estratégia das operadoras pode ser avaliada pela batalha travada com os serviços OTTs (serviços over-to-the-top), como Netflix e WhatsApp, para remunerar as redes de telecomunicações. O modelo falhou, segundo disse o vice-presidente de estratégia e transformação da TIM, Renato Ciuchini, durante o painel de abertura do MobiXD, seminário organizado por Mobile Time nesta terça-feira, 10, em São Paulo. Na opinião de Ciuchini, as operadoras brasileiras erraram na estratégia de zero rating. Para o executivo, o motivo principal de o WhatsApp estar instalado em quase 100% da base instalada de celulares do Brasil se deve ao fato de que as operadoras passaram a oferecer o app de mensageria com zero rating.
5G Open Innovation Lab nasceu, segundo Brisimitzis, para corrigir esta distorção. “Pensando na capacidade de conexão e processamento das redes inteligentes, vemos uma ótima oportunidade de transformá-las em algo ainda mais viável e rentável do que são hoje”, diz o especialista. Para ele, as empresas de telecomunicações devem caminhar para o conceito de “cloudificação” dos serviços, com foco em aplicações, especialmente aquelas voltadas ao segmento corporativo.
“A grande questão é: como as operadoras podem ter papel relevante em atividades setoriais ou segmentadas. Para isto precisamos entender o que impulsiona cada capacidade, não é só a conexão de drones, veículos autônomos etc., mas o lado mais crítico dos dados. A infraestrutura 5G talvez seja a infraestrutura mais importante para a indústria e para o mundo quando pensamos em coleta, processamento e interpretação de dados em tempo real. Isto pensando em termos de aplicação”, afirmou em palestra virtual, durante o webinar Enrich CALA, promovido pelo Portal Telesemana, em São Paulo.
Brisimitzis lembrou que muitas startups estão criando tecnologias disruptivas com foco na coleta de dados para apoiar a evolução da indústria. Ele ressaltou que os dados são determinantes na maioria das experiências e disse que não vê outro personagem melhor posicionado para centralizar esta oferta que não os operadores de serviços de telecomunicações, os CPSs. “Mas isto requer que pensemos em CSPs assumindo um papel relevante no processamento nas suas próprias redes”, reforçou.
Segundo ele, o 5G reúne esta oportunidade de mudança na operação das arquiteturas. Estamos saindo das arquiteturas monolíticas para a ‘cloudificação’, a arquitetura em nuvem. Isto abre portas para a criação de novos ecossistemas”, provocou.
Como exemplo, Brisimitzis apresentou o estudo de caso de um cultivo de maçãs em Whashington, nos EUA. No ambiente, drones são enviados para escanear o pomar de maças usando imagens 4K. Estes equipamentos captam as imagens que, antes da transmissão pela rede pública da T-Mobile, são comprimidas em um servidor na ponta.
“Estas imagens são processadas praticamente em tempo real na nuvem Microsoft Azure, usando algorítimos avançados. O produtor recebe informações e pode alterar os padrões de irrigação, fertilização e pesticidas do pomar, quase que em tempo real”, explicou o especialista.
De acordo com ele, todo o processo foi orquestrado e automatizado por soluções desenvolvidas pela Amdocs. Como resultado, o produtor obteve 50% de redução no consumo de água; e melhor visibilidade dos insumos aplicados. “A rede CSP não se limita à conectividade. Todas estão rodando nos seus data centers em vários países onde elas operam. E estes servidores podem processar o que vemos em hiperscala. O valor está na aplicação”, reforçou.
PATROCÍNIO
Participe das comunidades IPNews no Instagram, Facebook, LinkedIn e Twitter.