Em constante evolução e amadurecimento, a inteligência artificial vem ganhando cada vez mais espaço e relevância em toda a indústria. Especialista no assunto, a IBM tem trabalhado para levar essa discussão para o mercado de Petróleo & Gás, mostrando o impacto que a tecnologia pode ter em uma área tão complexa e desafiadora. LÃder em soluções e pesquisas em IA para o setor de energia, com mais de 20 papers sobre o tema publicados apenas este ano, a empresa foi ao Rio de Janeiro para participar da Rio Oil & Gas, o maior evento da indústria na América Latina.
“Tecnologia baseada no conhecimento humano”
A IBM fomentou diretamente o debate sobre o uso da IA com os profissionais da indústria. No segundo dia do evento, Ulisses Mello, diretor do laboratório de pesquisa da IBM Brasil, participou do painel “Como a inteligência artificial e a ciência de dados definirão o futuro do setor”.
Diante de um auditório lotado, o executivo disse que estamos diante de uma “ressurgência dos dados”, galgada principalmente em uma abundância crescente de informações, algoritmos mais precisos e eficientes – baseados em machine learning –, e também em uma capacidade computacional cada vez maior.
A indústria de Petróleo & Gás, no entanto, tem seus próprios desafios. “Aqui, o problema é que há menos dados, mais incertezas e também uma série de riscos na análise de informações”, comenta o executivo. “Com o avanço da tecnologia, porém, passamos a conseguir cada vez mais informações visuais e de conhecimento que permite aos sistemas cognitivos realmente brilharem”.
Ulisses Mello durante sua apresentação na Rio Oil & Gas.
Na visão do diretor, superar as barreiras do setor exige não só coletar todo tipo de informação – de dados sÃsmicos a exemplos e análogos que possam complementar informações dos poços –, mas também utilizar melhor esses recursos. “Sempre pensamos que há muito dados, mas isso não é verdade. Mil poços não oferecem informação o bastante para ensinar um sistema tradicional de IA. Aumentar uma pequena porcentagem da sua produção não exige ampliar a coleta de dados na mesma proporção, mas sim em uma escala de até 10 vezes mais dados”, revela.
Assim, a ideia da IBM é aperfeiçoar a análise dessa quantidade limitada de dados, utilizando para isso o conhecimento dos profissionais da área, que possuem contexto e experiência que podem ser passados para a máquina e compartilhado com geólogos e geofÃsicos menos experientes. “Com isso, é possÃvel encontrar padrões e sugestões que podem facilitar a busca por novas fontes de recursos. É algo que mostra o potencial da combinação de deep learning, IA e conhecimento humano”, afirma Ulisses.
Foi esse último trecho, aliás, que se tornou o fio condutor para responder uma das grandes questões do painel: “qual é o futuro da IA?”. “A inteligência artificial está rumando para ajudar a resolução de problemas baseados em conhecimento, no qual é preciso anos de treinamento de uma pessoa para atingir um resultado satisfatório. Ou seja, é necessário entender quais dessas tarefas podem ser automatizadas pela máquina, que tem uma maior facilidade de ler e cruzar dados. Mas, ainda assim, estamos falando de uma tecnologia baseada no conhecimento humano”, finaliza o pesquisador.
IBM no setor de energia
O IBM Research conta atualmente com cerca de 3 mil cientistas, a maioria deles focada no uso de tecnologias baseadas em IA. A empresa tem também mais de cem pessoas dedicadas a iniciativas voltadas para recursos naturais, incluindo o setor de Petróleo & Gás. Esse investimento tem permitido que os pesquisadores da IBM criem uma série de projetos e publiquem diversos papers com base em estudos na área.
Muitos deles se baseiam em uma das atividades mais crÃticas da indústria: a análise de dados sÃsmicos. Artigos publicados recentemente pelos cientistas brasileiros, por exemplo, utilizam diversos componentes da IA para oferecer ferramentas que auxiliem geólogos e geofÃsicos a extrair informações valiosas em meio a um mar de dados, oferecendo insights poderosos e acelerando determinadas tarefas. Outros documentos focam na análise visual de imagens sÃsmicas, utilizando a máquina para amplificar o olhar do especialista, e no cruzamento de informações, baseado em reservas similares, para aumentar a chance de sucesso em decisões crÃticas para os negócios.
Como é possÃvel perceber, a indústria de Petróleo & Gás é muito intensiva em conhecimento e é uma área na qual a forma como cada especialista faz seu trabalho varia significativamente – dependendo da sua experiência anterior e de seu conhecimento tácito. Por conta disso, muitos dos projetos e das pesquisas focadas no setor não tratam apenas da aplicação pura de tecnologias de IA (como machine learning e deep learning) e acabam trazendo também um forte componente de conhecimento e raciocÃnio à mesa.
No Brasil, o Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil, com sede em São Paulo e no Rio de Janeiro, conta desde 2017 com um espaço dedicado à pesquisa e instrumentação na área de nanotecnologia, o NanoLab. Isso permitiu que a empresa fosse a primeira empresa no paÃs a unir as capacidades de construção de protótipos de nanotecnologia com Internet das Coisas (IoT) e computação na nuvem, criando um hub da ciência e tecnologias de nanoescala para atrair grandes talentos de pesquisa de todo o mundo. O atual foco desse NanoLab é justamente trabalhar em soluções industriais para as áreas de Petróleo & Gás, Agricultura e Saúde.