Soluções verticalizadas surgem como oferta de maior potencial neste novo mundo hiper-conectado.
O mercado brasileiro de comunicação máquina-a-máquina (M2M) voltará a registrar alta na receita média por linha, impulsionado por novas aplicações e serviços de valor agregado como plataformas de gestão. Com o aumento da concorrência e preços agressivos, houve um período de desaceleração do crescimento no segmento, mas o surgimento de novas aplicações M2M que demandam conectividade constante e serviços 3G/4G de alto valor estimulam o mercado.
Pesquisa projeta crescimento de M2M superior a 13% no Brasil
Aplicações tradicionais como máquinas de cartão point-of-sale (PoS) e gestão e rastreamento de frotas continuarão dominando o mercado brasileiro de M2M no médio-prazo. No entanto, as operadoras móveis estão buscando expandir seu portfólio de serviços M2M com aplicações mais voltadas ao varejo, como carros conectados, personal care e casas conectadas. Esse tipo de solução verticalizada e convergente, integrando serviços fixos e móveis, devem representar cerca de 35% das receitas globais das operadoras de telecomunicações até 2018. As telcos também estão expandindo suas ofertas de M2M para novas verticais, como indústria e agricultura, que têm o potencial de gerar maiores ARPLs através de aplicações de automação avançadas.
Está claro para as empresas de telecom o potencial do serviço de M2M; além das principais operadoras móveis do país, todas as novas entrantes do mercado móvel brasileiro também estão apostando neste segmento, aproveitando a baixa estrutura de custo permitida pelo modelo de operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês). Segundo o estudo Frost & Sullivan, Brazilian M2M Market, o mercado brasileiro de M2M deve crescer de US$ 121,0 milhões em 2015 para US$ 258,8 milhões em 2021, mantendo uma taxa média anual de crescimento de dois dígitos, em 13,5%. Os segmentos financeiro e automotivo devem representar 77,2% dos acessos M2M em 2021.
“As operadoras precisam ofertar soluções completas, integrando o M2M ao seu portfolio de soluções B2B para capturar o real valor que o serviço de M2M representa para seus clientes”, afirmou Georgia Jordan, analista de indústria do time de Transformação Digital da Frost & Sullivan. “As empresas também devem alavancar parcerias com provedores de soluções de nicho para melhor monetizar soluções end-to-end de M2M.”
Ao mesmo tempo, iniciativas regulatórias têm impacto significativo no desenvolvimento do mercado de M2M no Brasil, especialmente em verticais como energia. Enquanto que a lei exigindo o uso de rastreadores conectados em todos os novos veículos foi revogada em 2015, ainda está em discussão outra proposta de lei que prevê a substituição de todos os medidores de energia elétrica do país por medidores inteligentes, o que deve impulsionar a demanda por M2M no setor de energia.
O mercado brasileiro de M2M também foi beneficiado pela isenção parcial de taxas do Fistel, embora este tenha sido limitado a aplicações sem interação humana, o que restringiu sua abrangência e excluiu a principal aplicação do mercado, de terminais PoS. As operadoras estão buscando ampliar o benefício para todos os acessos M2M, o que ajudaria a melhorar as margens do serviço, atualmente muito baixas devido à sua commoditização.
Até o momento, tanto o mercado corporativo quanto o mercado consumidor têm sido reticentes na adoção da tecnologia M2M, em parte devido a questões de segurança da informação. Provedores de soluções de segurança estão buscando lidar com estas questões, mas muitas vezes o custo do hardware e do software de segurança dificulta a adoção.
“Com a redução do custo de módulos M2M, o preço deixa de ser um problema no surgimento de novas aplicações. Isso está alavancando o uso de conectividade em aprelhos tradicionalmente não conectados, como cameras de segurança, alarmes e aparelhos de saúde, bem como aplicações de rastreamento de animais de estimação e entregas de produtos”, afirmou a analista. “A relação custo-benefício também tem impulsionado o uso de soluções M2M móveis como tecnologia de backup para aplicações de conectividade de caixas eletrônicos, digital signage e infraestrutura inteligente.”