CEO regional da ODATA aponta o potencial do País como produtor de energia renovável e por ter um sistema interligado
O Brasil tem uma particularidade em seu sistema elétrico, o Sistema Interligado Nacional (SIN), que permite que a energia gerada no Nordeste possa ser consumida no Sul. Esse é o principal ponto forte do País no mercado de data centers, como aponta Ricardo Alário Arantes, CEO da ODATA para a América Latina. Em entrevista durante o Capacity LATAM 2024, que aconteceu esta semana em São Paulo, o executivo explicou porque o nosso País pode se destacar frente a região e até a países desenvolvidos.
PORTAL IPNEWS: Qual o diferencial do Brasil para o mercado de data centers?
Ricardo Arantes: O Brasil tem uma vantagem competitiva do ponto de vista de energia não só na América Latina quanto no mundo. O grid interligado do Brasil é quase único e são poucos países do mundo, pelo menos o de tamanho continental, que conseguem atender todo o território. Se eu tô gerando energia eólica no Nordeste, eu consigo entregar a eletricidade aqui em São Paulo.
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Mas há desafios no quesito de energia?
Temos muitas empresas fazendo a distribuição e transmissão no Brasil. Tem, sei lá, 40 ou 50 empresas de distribuição, então às vezes você tem limitações na distribuição. Por exemplo, se eu quero construir um data center de 80 MW, a distribuidora pode não ter essa capacidade para entregar, então eu tenho que investir na infraestrutura dela. Eu vou lá pegar uma subtração dela e coloco mais transformador, faço a minha linha de transmissão. É um investimento que sai do bolso da empresa de data center.
A questão de energia limita a implementação de data center em outros países?
Na América Latina, acho que não tem nenhum que está limitando a entrada. O que acontece é que fica mais caro, porque o custo de energia no Brasil hoje está num momento bom. Agora, os Estados Unidos é que eles estão entrando em um problema de energia. Como eles estão passando por um momento de eletrificação da frota de automóveis, aumenta o consumo de energia. Além do mais, há um crescimento no uso de dados, por causa da inteligência artificial, que aumenta a necessidade de processamento. Também tem a questão da descarbonização, que vem desativando as usinas termelétricas. Isso pode acabar gerando um problema futuro de crise energética nos Estados Unidos.
Qual a estratégia da ODATA para descarbonizar seu consumo de energia?
No Brasil, a ODATA já está gerando 100% da sua energia com fontes renováveis. Nós somos sócios de alguns parques eólicos no Nordeste, então toda a energia que consumimos e que nosso clientes consomem nos nossos seis data centers vem de fontes renováveis autogeradas. Isso me dá uma vantagem competitiva, primeiro porque meus clientes estão muito preocupados com a parte de sustentabilidade, e eu consigo entregar uma energia a preço competitivo e a longo prazo, diminuindo os custos de consumo para eles. Este foi um projeto que demorou dois anos e é uma particularidade do Brasil.
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