Economia Digital

Transformação digital de MPEs no Brasil está em estágio inicial

O Mapa de Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras (MPEs), uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), revelou que 66% das MPEs estão nos níveis 1 e 2 de maturidade digital, sendo 18% analógicas (nível 1) e 48% emergentes (nível 2). Só 3% são consideradas líderes digitais (nível 4), e 30% estão na etapa intermediária (nível 3).

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O levantamento mensurou, nas empresas pesquisadas, o grau de implementação de 25 boas práticas digitais e da utilização de tecnologias habilitadoras. A pesquisa mostra que a média de maturidade digital das micro e pequenas empresas brasileiras é de 40,77 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100 pontos, sendo 0 nada digital e 100 totalmente digital.

 

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As empresas demonstraram maior maturidade digital na dimensão ‘inovar mais rápido e colaborativamente’, com pontuação média de 47,72 pontos. O foco dessa dimensão é conhecer como as organizações estão encorajando o risco e a inovação aberta para mudar seus produtos, serviços e modelos de negócios e testar ideias. Nesse aspecto, 43,7% das empresas pesquisadas afirmam estar abertas a opiniões e sugestões para o desenvolvimento de produtos ou serviços, mas apenas 11,6% colaborou com outras empresas e com seus clientes nesse processo.

Em compensação, a dimensão “estabelecer novas bases de competição” foi aquela para a qual as empresas demonstraram menor maturidade, com média de 35,02 pontos. Essa dimensão avalia a capacidade das empresas em reposicionarem sua atuação e passarem a competir em mercados que antes não competiam. Nesse ponto, somente 7,3% das empresas informaram que participam de canais de venda online ou marketplaces.

A pesquisa também revelou que o acesso à banda larga já faz parte da realidade de 68,7% das empresas. Porém, apenas 27,5% delas possui um site com funcionalidades interativas, 19% coleta ou armazena dados dos seus clientes e 25,4% usam serviços de cloud computing.

Para o presidente da ABDI, Igor Calvet, o levantamento mostra que as práticas e estratégias dos pequenos negócios ainda são pouco consolidadas. “No entanto, mais do que desafios, as constatações do relatório nos apresentam oportunidades. Há um grande espaço para que essas empresas adotem tecnologias digitais e desenvolvam todo seu potencial, mas é preciso imprimir velocidade a esse processo”, destacou.

De acordo com ele, os pequenos negócios representam um papel fundamental para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, respondendo por 30% do PIB e por mais de 50% dos postos de trabalho existentes hoje no país. “É fundamental que as empresas se adaptem e aproveitem ao máximo os benefícios dessas tecnologias, que contribuem para aperfeiçoar suas operações, criar novos modelos de negócios e gerar mais receitas. Ao traçar esse diagnóstico, a ABDI aponta um caminho mais efetivo para aumentar a maturidade digital das micro e pequenas empresas”, afirmou.

Durante quase três meses, a ABDI e a FGV receberam 2.572 respostas de empresas nacionais, sendo 1.176 do setor de serviços, 804 do comércio e 537 da indústria. Todas as empresas são de micro ou pequeno porte, do setor privado. Participaram da pesquisa empreendimentos de todas as regiões do país. A maioria dos respondentes é de empresas com mais de 5 e até 10 anos de operação.

Maturidade digital

O relatório mostra que 66% das MPEs estão nos níveis 1 e 2 de maturidade digital. E revela que a transformação digital dos micro e pequenos negócios está em estágio inicial, independentemente do setor econômico. Em uma escala de 4 níveis, há maior concentração de empresas no nível 2 de maturidade digital. Este nível representa as empresas ‘Emergentes’ que estão realizando esforços para se digitalizar, mas ainda possuem uma estrutura e modelos de negócios tradicionais.

Em relação à média de maturidade digital das empresas, de 40,77 pontos, o setor de serviços apresentou os melhores resultados, com uma pontuação média de 43,73, enquanto o comércio teve a menor pontuação média: 36,75 pontos. O setor industrial registrou média de 40,49 pontos.

A prática de ‘inovar mais rápido e colaborativamente’, que obteve a maior pontuação média entre as empresas, de 47,72, mostra, segundo a pesquisa, que elas estão se abrindo a novas possibilidades e adotando práticas de inovação mais ágeis e colaborativas. Mas a pontuação mais baixa, média de 35,02 pontos, obtida na prática de ‘estabelecer novas bases de competição’ revela que as empresas têm dificuldade para se adaptar ao universo online e oferecer modelos de negócios mais inovadores e digitais.

Em relação ao uso das tecnologias, o acesso à banda larga já faz parte da realidade de 68,7% das empresas, o que é considerado muito bom, mas houve pouco avanço na utilização da computação em nuvem – apenas 25,4% das empresas pesquisadas usam serviços de cloud computing. O e-learning (ensino a distância) para qualificação da equipe só é utilizado por 17,7% delas, enquanto ferramentas de cybersegurança por 21,4% do total.

Ainda segundo a pesquisa, quase 40% dos entrevistados acreditam que a principal dificuldade para a transformação digital é a falta de recursos financeiros para investir. A falta de estratégia e o desconhecimento de como construir um caminho apropriado para sua empresa são citados por outros 25% dos empresários como principal dificuldade a ser superada.

A pesquisa também conclui que os empresários acreditam que a transformação digital é um caminho complexo e custoso. “Temos que mostrar que isso não é mais verdade. Temos tecnologias existentes e acessíveis a todo tipo de empreendimento. O que existe é o desconhecimento de como construir esse caminho rumo ao universo digital”, afirma a gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa, para quem a transformação digital é um elemento essencial para ampliar os níveis de produtividade e de competitividade do país, além de ser um requisito irreversível para a sobrevivência das empresas.

Outra constatação revela que 68% dos empresários mostraram-se abertos e disponíveis para participar de programa de aceleração da maturidade digital. “O que nos deixa bastante animados é ver que 68% dos empresários, segundo o levantamento, estão abertos e disponíveis para participar de um programa de aceleração da maturidade digital que os ajude no caminho da transformação digital”, concluiu Adryelle.

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