Após um ano da aquisição com a Atos, empresas agora atuam juntas na vertical de digital workplace.
Em janeiro de 2016, a Atos oficializou a compra da Unify, fornecedora de soluções de colaboração e comunicações unificadas (UC), por 590 milhões de euros. A compra visava aproveitar o portfólio de produtos da Unify em uma das principais verticais da estratégia da Atos até 2020, o digital workplace, ou espaço de trabalho digital.
Atos para com grandes aquisições e foca no crescimento orgânico
Após um ano da aquisição, a Chief Operating Officer (COO) da Unify para o Brasil, Ana Viani, conversou com o Portal IPNews para contar como está sendo esse período de integração e quais são as estratégias da empresa para este ano. “Em 2016, focamos em manter nossos clientes, tanto em razão da crise quanto da integração, o que nos fez adiar a estratégia de avançar sobre os segmentos de varejo e finanças”, comenta.
Confira a entrevista.
IPNEWS – O que levou a compra da Unify pela Atos?
Ana Viani: A questão maior era complementar o portfólio de soluções de Digital Workplace (espaço de trabalho digital) da Atos com nossas soluções de colaboração. A Atos tem uma estratégia para 2020 e coloca a Unify como parte dos pilares que ela está focando. Além disso, temos uma carteira de clientes também se complementa, já que a Atos tem grande presença na Europa, mas nem tanta nas Américas, ao contrário de nós, que temos uma base forte na América Latina. O México, por exemplo, era um país em que a Atos não estava presente e nós sim.
IPNEWS – Como foi esse primeiro ano de Atos/Unify no Brasil? A integração foi completada?
Viani: Foi um bom ano, apesar da crise. Nosso mote foi a integração e continuar atendendo nosso cliente. O cuidado maior foi com ele, para explicar que a junção iria trazer mais benefícios do que prejuízos. Foi um ano fraco, mas estável.
Sobre a integração, ainda está em andamento. Temos algumas áreas de backoffice já integradas. A Unify ainda opera de forma isolada e vai continuar assim. Hoje estamos no meio da integração.
IPNEWS – Quais é a estratégia para este ano?
Viani: Historicamente, no Brasil, a Unify é forte nas áreas de manufatura e governo. Mas, para 2017, nós pretendemos investir sobre o mercado financeiro e varejo, aproveitando a expectativa de melhora do cenário econômico. Queremos aproveitar também o momento de digitalização desses setores, que leva a centralização de operações e, em um primeiro momento, a diminuição de agências bancárias e lojas.
Falando sobre o segmento financeiro e a desbancarização, ela não é simplesmente a redução de agências, mas levar à população um serviço bancário fora dos bancos. Ou seja, inserir mais pessoas no meio financeiro e a tecnologia é a via para isso. Temos investindo nos seis grandes bancos do Brasil, mas temos outras 1,5 mil instituições médias que compõem esse ecossistema que estão no mesmo caminho e precisam de tecnologia. As fintechs são parte desse contexto, mas atuam em soluções pontuais, falta alguém que agregue tudo isso e entregue a tecnologia que permita que um banco médio chegar ao cliente final. Esse é o grande desafio que estamos propondo resolver.
IPNEWS – Onde as soluções da Unify entram nessa nova estratégia?
Viani: O primeiro ponto é trabalhar em APIs abertas no nosso produto core de colaboração, o Circuit, para que possamos atuar, inclusive, com as fintechs. O Circuit já é desenvolvido em plataforma aberta para facilitar o desenvolvimento e a integração de novas soluções. A XP Investimentos, por exemplo, possui diversos colaboradores que atuam de forma autônoma e eles precisam conquistar e atender clientes de qualquer lugar. Se o funcionário possuiu uma ferramenta (smartphone) onde todo o ambiente de trabalho dele está guardado, ele consegue tratar muita coisa com ferramentas de colaboração, como vídeo, texto e voz. Você permite as empresas aumentar a escala pela tecnologia, reduzindo o número de visitas e os custos e entregando a qualidade. Essa é a perspectiva de digital workplace da Atos.
IPNEWS – Qual o plano da Unify para atacar esses segmentos?
Viani: Estamos treinando pessoal e trazendo outras soluções para o mercado nacional, como mesas de operações financeiras (trading desk) para corretoras de bolsas com um sistema de comunicação embutido.
No varejo, já possuímos vários clientes, mas que adquiriram infraestrutura. Agora estamos indo para o core do cliente e na automatização da força de trabalho. Nossa intenção é construir um case de referência para aí poder expandir a partir de 2017.