Economia Digital

Futurecom: Você das Coisas, a Casa das Coisas

Começou nesta segunda-feira a segunda edição do Futurecom Digital Week no formato online, que trouxe este ano uma grande tendência do momento: o metaverso, tecnologia que está revolucionado as big techs e com ampla perspectiva de utilização em outras áreas de negócios. A primeira experiência que marcou o lançamento do Metaverso 1.0 Futurecom foi a palestra da futurista americana, Amy Webb, autora de “Os nove titãs da IA”. Em sinergia com o tema do evento “Think The Future, Think Ahead”, a futurista falou sobre tecnologias emergentes e o que as pessoas devem esperar para 2030.

 

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Para Amy Webb, as tendências não são moda, mas mudanças a longo prazo, que resultam da intersecção entre forças e sinais de mudança, conforme metodologia de previsão desenvolvida pelo Future Today Institute, organização movida por dados e liderada pela tecnologia. Como numa máquina do tempo, a futurista conduziu os participantes ao ano de 1998, quando era comum a utilização de minidiscos, leitores de DVDs, laptops de 8 kg e câmeras fotográficas tradicionais. “Imagine se naquela época alguém dissesse que em dez anos você teria tudo isso em único computador, bem pequeno, que cabe dentro do seu bolso? Talvez as pessoas achassem loucura, mas é o que vivenciamos com os smartphones. E daqui dez anos? E se o computador do futuro for seu próprio corpo?”, questiona Amy em sua apresentação.

Segundo a futurista, os smartphones vão desaparecer nos próximos dez anos. “É o começo do fim”, diz ela, ao mencionar que o crescimento de celulares já tinha atingido um platô nos Estados Unidos e na Europa Ocidental e que, atualmente, já se começa a perceber o mesmo padrão em mercados emergentes, como o Brasil. “As pessoas continuam comprando smartphones, mas bem menos do que ocorria no passado”, destaca. Amy Webb acredita que viveremos o “You of Things”, ou seja, o “Você das Coisas” com o surgimento de novos wearables, que permitirão aos equipamentos como anéis, pulseiras, óculos e roupas lerem seus dados para agir preventivamente e tomar as melhores decisões.

Assim como o “Você das Coisas”, teremos a “Casa das Coisas”, com uma série de máquinas inteligentes, que poderão controlar a temperatura do colchão para dormir melhor, utilizar robôs de sono, ou seja, máquinas que continuarão trabalhando enquanto os humanos dormem. De acordo com a futurista, já existem estudos para o desenvolvimento de vasos sanitários capazes de identificar se quem os utiliza tem algum problema de saúde. “Os sistemas têm a capacidade de captar e refinar dados para determinar o nível de açúcar no sangue, identificar problemas de próstata ou simplesmente confirmar que o usuário tem um intestino saudável. Os dados captados pelas tecnologias do ‘Lar das Coisas’ e dos aparelhos do “Você das Coisas” formam uma rede de informações que faz parte da biometria comportamental, capaz de compreender quem somos e de mudar nossos hábitos, como por exemplo, estimular a substituição de um bolinho de laranja por cenouras”, enfatiza.

Amy Webb ainda destacou entre suas previsões até 2030 a Internet Espacial, em que constelações de satélites menores serão lançadas para garantir conectividade em regiões onde não esteja disponível. Os satélites poderão fazer a comunicação entre eles, trazer imagens em tempo real e compartilhar informações com as comunidades. A futurista acredita que o Brasil poderá utilizar as vantagens do “Você das Coisas” e da “Casa das Coisas” para acelerar a economia e contribuir com uma nova era de tecnologia.

Biologia sintética

Combinação de ciência computacional, engenharia, biologia, química, inteligência artificial, tecnologia de nuvem, 5G e tantas outras inovações, a biologia sintética permite que os cientistas leiam genomas, editem dados genéticos e escrevam um novo código para organismos vivos. De acordo com Amy, essa é a principal tendência, pois no futuro será possível programar pequenos organismos biológicos como se fossem pequenos computadores. Um exemplo de biologia sintética são as vacinas de Covid-19 desenvolvidas com RNA mensageiro.

A partir das tecnologias apontadas como tendência, a futurista diz que é a chance de ter cenários otimistas e catastróficos é de 50% para cada um. No pior dos cenários, os indivíduos se tornarão prisioneiros dos próprios dados que estão gerando. “Se a pessoa entrar no supermercado e a pulseira que lê o DNA indicar que não pode comer bolo de laranja, o supermercado não poderá concretizar a compra”. Já no cenário otimista, chamado de transformador, a tecnologia poderá compreender que você deve evitar doce, mas que teve um dia estressante e que pode se dar o direito de comer o que quiser. “Você é dono de seus dados e usa como achar melhor”, complementa.

No encerramento de sua palestra, Amy Webb deu um conselho: “É preciso ensaiar o futuro, buscar sinais de mudança, pois o futuro é resultado das decisões. É hora de pensar como uma futurista, se abrir para mudanças e buscar futuros alternativos”, finaliza.

Maior leilão

A abertura da segunda edição do Futurecom Digital Week ressaltou o sucesso do leilão das radiofrequências da quinta geração da telefonia móvel no Brasil, o primeiro país da América Latina a implantar essa tecnologia. Hermano Pinto, diretor de Tecnologia e Infraestrutura da Informa Markets, teve uma conversa bem produtiva com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, sobre “5G e os impactos na sociedade”.

O ministro enfatizou que o leilão não teve caráter arrecadatório e, sim, de atrelar às operadoras os compromissos de cobertura e conectividade a mais de nove mil municípios que ainda não têm acesso à internet, além de tornar viável o acesso a 31 mil rodovias federais e três milhões de escolas públicas. “Ficamos quase 20 anos sem investimento e o FUST não retornou ao setor; por isso, planejamos um conjunto de novas aplicações para o 5G que vai transformar nossa economia e causar o verdadeiro impacto positivo para a população”, afirmou Fábio Faria, que acredita que a tecnologia dará um novo aspecto ao país.

Para que as estratégias do Ministério das Comunicações atinjam seus objetivos, Faria aposta na transversalidade. “Nossa pasta estabelece relacionamento com várias outras e temos reuniões constantes com bancas da Câmara em setores estratégicos para o país como, por exemplo, agronegócios e energia, nos quais o 5G é fundamental para aumentar a produtividade e a competitividade.”

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